Bibliotecas comunitárias: uma resposta ao declínio da leitura no Brasil
- Mauro Scarpinatti
- 22 de abr.
- 3 min de leitura
Em meio à queda no número de leitores no país, espaços comunitários mostram que é possível transformar a relação com os livros

Bibliotecas comunitárias oferecem acesso à leitura e promovem o aprendizado em várias áreas. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Agência Brasil | 22/04/2025
Em um momento importante para repensar como incentivar a formação de (novos) leitores no Brasil, as celebrações do Dia da Biblioteca (09/4) e do Dia Internacional do Livro (23/04) servem como oportunidades para reflexão sobre o atual cenário da leitura no país e as alternativas para transformá-lo.
As bibliotecas comunitárias são, nesse contexto, espaços essenciais para reverter a preocupante queda no número de leitores no país.
De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, publicada em novembro de 2024 pelo Instituto Pró-Livro, o Brasil perdeu 5 milhões de leitores entre 2019 e 2024.
Um dado particularmente preocupante é que 85% dos não leitores afirmam que nunca receberam influência ou incentivo para a leitura. Ao mesmo tempo, 55% das crianças de 5 a 13 anos gostariam que pais ou adultos lessem para elas, mostrando a existência de um grande descompasso entre o desejo e a realidade.
A pesquisa também revelou que o número de leitores caiu consideravelmente, especialmente entre crianças do Ensino Fundamental I, com uma diminuição de 49% para 40%. Em regiões como a Norte, a queda foi ainda mais alarmante, de 63% para 48% em cinco anos.
Bibliotecas transformam a leitura na Amazônia
Neste cenário, a Vaga Lume, uma ONG que atua há 24 anos no Amazonas e outras regiões da Amazônia Legal, tem desempenhado um papel fundamental na revitalização do hábito de leitura entre crianças e jovens. A organização implementa bibliotecas comunitárias em regiões rurais, indígenas e quilombolas, onde o acesso a livros é limitado e o incentivo à leitura muitas vezes ausente.
Os resultados das bibliotecas comunitárias da Vaga Lume são promissores. No último ano, a ONG impactou diretamente 15.388 adolescentes e jovens, e suas bibliotecas registraram uma média de 58.549 livros emprestados anualmente.
A organização também forma mediadores de leitura, que ajudam a criar um ambiente acolhedor e estimulante, essencial para engajar os leitores jovens.
“Essas bibliotecas não são apenas locais de leitura, mas espaços de convivência, de troca e de aprendizado. Elas representam um modelo de como as comunidades podem se mobilizar para promover a leitura e o desenvolvimento dos jovens”, afirma Lia Jamra, Diretora Executiva da Vaga Lume. As bibliotecas da Vaga Lume são descritas como “viventes”, pulsantes, com atividades culturais, como rodas de histórias, que atraem crianças e jovens para a leitura de forma descontraída e envolvente.
Desde sua criação, em 2001, a ONG acumula números expressivos:
195.408 livros distribuídos
289 livros artesanais produzidos
548 estantes enviadas
1.371 esteiras enviadas
6.472 mediadores de leitura formados
3.749 adolescentes participantes do Programa Rede
111.869 crianças e jovens impactados
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