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Mulheres de língua portuguesa se unem pela água



Por Equipe IAS - 30/03/2023


“Não temos mais tempo, o acesso à água e ao saneamento precisa avançar, ainda mais no contexto da maior vulnerabilidade, principalmente das mulheres, às mudanças climáticas. No Brasil, vemos uma mudança positiva no perfil das pessoas ligadas a essa área, com mais mulheres – e mulheres jovens – atuando na área de saneamento, inclusive no ativismo. Há um movimento de aprendizado, que vem das avós, nos territórios onde vivem, sobre o direito à água”, disse Marussia Whately, diretora-executiva do Instituto Água e Saneamento (IAS), no evento Mulheres pela Água – dos países de língua portuguesa para o mundo, realizado dia 24 de março, durante a Conferência sobre a Água da ONU, na sede das Nações Unidas, em Nova York.


Marussia lembrou que a criação do IAS, em 2019, foi o resultado da união de três mulheres brasileiras motivadas por um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil mostrando que uma das maiores privações das crianças e adolescentes brasileiros é a falta de esgotamento sanitário. “No ritmo atual, o país ainda terá duas gerações vivendo no esgoto”.


A diretora do IAS ressaltou que o Instituto atua também para mostrar a ligação entre saneamento e as mudanças climáticas. “O Brasil sofre atualmente com diferentes eventos climáticos ao mesmo tempo. A chuva de 700 mm em sete horas em São Paulo, as atuais enchentes no Norte e Nordeste, assim como o Rio Grande do Sul com uma situação de seca extrema, mostram que a emergência climática vem pela água e intensifica os problemas de saneamento. Mas precisamos nos livrar da crença de que não é possível resolver e somar esforços para universalizar o saneamento o mais rápido possível no país”, disse.


Manifesto pelo clima e pela água


Susana Viseu, presidente da Business as Nature (BasN), apresentou o movimento de mulheres de língua portuguesa pelo clima, criado pela urgência de se envolver as mulheres nas questões relacionadas à crise climática e, também, à água. “Somos 50% da população e, na maior parte dos lugares, é das mulheres a responsabilidade por assegurar o acesso à água para a família. Se conseguirmos o engajamento feminino, passamos das palavras aos atos”, disse.


Para Susana, os compromissos nesse setor são ambiciosos, mas falham na execução. “Sem o engajamento da sociedade civil nada vai acontecer. Hoje, quem decide são homens com mais de 50 anos, que não representam o todo da população. Precisamos mudar isso”.

Durante o encontro, Filipa Newton, presidente da Water Energy Nexus Task Force da EnR, mostrou a relação entre água e energia e a importância sobre trazer eficiência no uso da água nas políticas públicas também de energia. Dirce Varela, diretora-executiva da Platform, ong de Cabo Verde, disse que em seu país a pluviosidade diminuiu muito nos últimos anos por conta das mudanças climáticas e que as chuvas não são mais suficientes para garantir o fornecimento de água potável. “O direito humano à água e saneamento não é um favor político, por isso o ativismo nesse campo é um elemento da cidadania.


Água em Cabo Verde é importante nas relações sociais. Nem sempre a água fica perto das casas e a missão de buscá-la é feminina. A relação entre água e gênero é bem definida e está relacionada ao tempo da mulher. Além disso, a maioria das famílias é liderada por mães solteiras. Por isso, o empoderamento da mulher é urgente”.


Nessa mesma linha, Daniela Bemfica, da International Water Association, enfatizou que é preciso ter mais mulheres em cargos de decisão de políticas e projetos para garantir os direitos femininos. “As mulheres têm mais dificuldade em usar água, é só os homens tentarem usar os banheiros sentados para verificarem. Recentemente, um grande projeto na Índia de banheiros coletivos, projetado por homens, não incluiu pontos de água dentro dos banheiros, dificultando a higiene das mulheres, sobretudo no período menstrual”, contou.


Mariana Zanetti, da Mandi Consultoria Socioambiental, ong brasileira liderada por mulheres, apresentou um vídeo, feito para comemorar o mês da água, no qual jovens do ensino médio em Belém (PA) dizem como veem e o que querem para a Amazônia. Nas falas, os adolescentes falam em uma Amazônia sustentável, sem fome, com convivência entre pessoas e natureza e valorização da diversidade da floresta e dos povos.


Ainda durante o evento, Susana Viseu anunciou a criação da Rede das Mulheres de Língua Portuguesa pela Água, ligada à Rede das Mulheres de Língua Portuguesa pelo Clima e convidou as participantes do encontro para assinarem o Manifesto das Mulheres pela Água.


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