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Clima mais seco pode impactar reserva do Sistema Cantareira

Segundo Pedro Luiz Côrtes, o atual cenário é semelhante ao que deu início à última crise hídrica, por isso se deve ter reserva estratégica

O Sistema Cantareira apresentou, de janeiro a maio, um déficit de 177 mm no total de chuvas. Em maio, por exemplo, o acumulado é de 11,5 mm, enquanto a média mensal é de 86 mm. O prognóstico climático ainda indica que o segundo semestre será mais seco que o normal, com menos chuva, podendo evoluir para o fenômeno climático La Niña.

Para entender essa situação, o Jornal da USP conversou com Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.

Ele explica que o La Niña, fenômeno em que as águas do oceano Pacífico se resfriam, é o oposto do El Niño, no qual essas águas sofrem aquecimento. Esses fenômenos ocorrem na região equatorial do pacífico.

“No El Niño, há um aumento das precipitações no Sul, podendo chegar ao Sudeste, com aumento de temperatura; no La Niña tem-se estiagem no Sul, com clima mais ameno, o que já tem se verificado”, comenta Côrtes.

Segundo o professor, se houver o fenômeno La Niña este ano, ele pode se estender para o primeiro semestre de 2021. “A última crise hídrica começou com esse fenômeno e se estendeu por uma fase neutra, que é a em que estamos. O binômio fase neutra-La Niña é o pior cenário para o Sistema Cantareira, justamente por conta desse histórico”, completa.

O volume do Cantareira já caiu para menos de 60% e, apesar disso, não se deve ter problemas este ano ainda, mas a sugestão é de que se economize água para uma reserva estratégica no próximo ano.

Côrtes avalia que a Sabesp, administradora do Cantareira, não usava prognósticos climáticos para fazer a gestão dos sistemas mananciais. “Esses prognósticos, que são diferentes de previsões meteorológicas, mostram a tendência de comportamento do clima ao longo de estações.

Por isso, é possível ter um panorama com uma boa previsão do que pode ocorrer no final do ano em termos gerais”, explica.

Com a dependência da chuva para abastecimento dos mananciais, saber o que vai acontecer com o clima é de fundamental importância, a fim de que sejam tomadas as medidas necessárias com antecedência.

Pedro Luiz Côrtes explica que a última crise começou a ser reconhecida pelo governo em 2014, apesar de já em 2013 existirem sinais evidentes da entrada em um cenário crítico. “Se tivéssemos feito isso na crise anterior, possivelmente não teríamos volume morto e a situação seria mais tranquila para a região metropolitana”, completa.

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