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Por dentro das agroflorestas da Amazônia

Por meio da realidade virtual, o público da COP 28 pode visitar uma pequena propriedade rural no Pará e ver de perto como agricultores estão ajudando a restaurar a floresta e a combater a crise climática, enquanto aumentam e diversificam sua fonte de renda




Não faltam superlativos para se referir à Amazônia: a maior floresta tropical do mundo ocupa uma área de aproximadamente 6 milhões de quilômetros quadrados, distribuídos por nove países da América do Sul. Abriga uma em cada dez espécies conhecidas pela ciência e o maior reservatório de água doce do mundo – só a bacia do Rio Amazonas conta com mais de 10 mil afluentes. Mas, infelizmente, a Amazônia está nos holofotes do mundo em razão das altas taxas de desmatamento e degradação florestal, que são responsáveis por quase a metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil e colocam forte pressão sobre a natureza.


De cada 10 hectares de florestas derrubados na Amazônia, 6 viram pastagens, 3 são abandonados e 1 é convertido para agricultura. Sem o conhecimento adequado, as pastagens degradam o solo, demandam novas áreas de florestas e comprometem a produtividade e geração de renda dos agricultores. Para romper esse ciclo de destruição, algumas organizações da sociedade civil têm atuado na região, como a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, por meio do apoio a pequenos produtores rurais para restaurarem suas terras com sistemas agroflorestais à base de cacau, espécie nativa da Amazônia.

As agroflorestas são consideradas soluções climáticas naturais, ou seja, oferece um conjunto de ações para melhorar o manejo do solo, proteger e restaurar a natureza e, assim, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e armazenar carbono.


Nos últimos dez anos, mais de 600 famílias já provaram que é possível restaurar áreas na Amazônia com agroflorestas, com o apoio da TNC. Uma delas é a família de Rosely Dias, agricultora da região do Xadá, na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, uma das Unidades de Conservação mais ameaçadas do Brasil, no município de São Félix do Xingu (PA). Ela é a protagonista do filme Plantando o futuro na Amazônia, em exibição na Conferência de Clima da ONU, em Dubai, e também disponível no YouTube. No filme, ela conta sua história.

“Pensei em desistir, abandonar minha terra, mas descobri que é possível trabalhar de forma sustentável com a natureza sendo minha parceira, e não minha inimiga. Foi aí que tudo mudou na minha vida”, comenta. Hoje, após sete anos de experiência com agroflorestas e como referência na região, ela afirma: “Meu maior sonho é que as pessoas tivessem a consciência de conservar a natureza e manter a floresta em pé. O mundo seria bem diferente”.

Existem muitos tipos diferentes de sistemas agroflorestais no mundo, desde cercas vivas que alimentam o gado, até culturas de cacau intercaladas com outras espécies. Alguns sistemas refletem antigas práticas indígenas e tradicionais, enquanto outros são adaptados para objetivos agrícolas comerciais.


“Na Amazônia brasileira, há 1,4 milhão de pequenas propriedades rurais, abrangendo mais de 70 milhões de hectares de terra. Todas elas podem se beneficiar dos sistemas agroflorestais. Além de ajudar a natureza, a agrofloresta contribui também para a melhoria de vida dos produtores rurais. Além disso, outros cultivos da agrofloresta, como milho, mandioca, açaí e andiroba contribuem não apenas para aumentar e diversificar a renda, mas também para melhorar a segurança alimentar das famílias.

“A renda associada ao cultivo de cacau tem se mostrado superior à da pecuária”, afirma o diretor para Amazônia Brasileira da TNC Brasil, José Otavio Passos.

Combinadas com a transição da matriz energética para fontes renováveis, Soluções baseadas na Natureza (SbN) como esta são escolhas rápidas e custo-efetivas na mitigação e adaptação à mudança climática, ao mesmo tempo em que apoiam a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. A TNC liderou um estudo que mostrou como as SbN podem contribuir com um terço das reduções de emissões que precisamos até 2030 para evitar os piores impactos da mudança climática.


“A oportunidade é enorme para conservar e restaurar mais floresta, melhorar a renda dos agricultores, recuperar hábitats para a vida selvagem e garantir um planeta mais ameno para todos”, afirma Passos.



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