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VITÓRIA NA AMAZÔNIA: Cúpula dos Povos encerra com números recordes e entrega carta política à COP30

  • Mauro Scarpinatti
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

De 12 a 16 de novembro, o encontro paralelo reuniu em torno de 25 mil credenciados e lideranças de mais 65 países, reafirmando a força da ancestralidade e da solidariedade internacional contra o modelo colonialista e pela transição socioambiental justa.


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BELÉM, PA, 16 de Novembro de 2025 – A Cúpula dos Povos, que mobilizou a sociedade civil, movimentos sociais e povos tradicionais entre 12 e 16 de novembro, em Belém, encerrou suas atividades com um saldo de organização e conquistas políticas inéditas. Em um contraponto direto ao caráter negocial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o encontro popular celebrou a unidade global e o acúmulo de dois anos de construção política, reforçando que a resposta à crise climática brota dos territórios e não dos mercados.


O encerramento foi marcado pela Audiência Pública realizada na manhã desta quinta-feira na Universidade Federal do Pará, onde a agenda política da Cúpula foi formalmente apresentada ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago, consolidando um marco de diálogo entre o espaço popular e a cúpula oficial.


O legado dos números: Uma mobilização histórica


A coordenação política da Cúpula apresentou um balanço que demonstra a magnitude da mobilização:

Organização e representação:

Mais de 1.100 organizações signatárias da Carta Política se uniram ao movimento.

Alcance Global: Lideranças e representantes de mais de 60 países estiveram presentes.

Participação: Foram mais de 25 mil credenciados, com cerca de 20 mil pessoas circulando por dia no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA).


Visibilidade: O evento recebeu mais de 300 veículos de imprensa nacionais e internacionais.

Economia solidária e a cozinha recorde

A Cúpula dos Povos também deixou um legado concreto de economia solidária e combate à fome, com destaque para a Cozinha Solidária:


A iniciativa, construída pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPA), Movimento Camponês Popular (MCP), Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e outras organizações, serviu entre 9 mil e 12 mil refeições por dia.


Essa logística de solidariedade se tornou a maior cozinha solidária já estruturada no Brasil e a maior compra pública do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em mais de 20 anos de história, demonstrando o potencial da agroecologia e da soberania alimentar.


A Feira Popular mostrou experiências vibrantes em economia solidária, agroecologia, povos de terreiro, economia feminista e modos de vida tradicionais.


A força da ancestralidade e a unidade política


O ato de encerramento foi carregado de simbolismo, com as lideranças destacando que é na ancestralidade e na tradição que se encontra a força para a luta. Mediadores, em referência à sabedoria de lideranças como o Cacique Raoni, enfatizaram que “a fé e a alegria lutam contra a morte e a tristeza”, ressaltando que os povos resistem porque celebram a vida.


A plenária celebrou a consolidação de uma poderosa articulação internacional na denúncia da crise climática e na defesa de uma transição socioambiental justa.

Lideranças da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e da Amazônia, celebraram a conquista coletiva:“Nossa mobilização marcou a história da COP. Nossas posições, nossa voz e nossa luta estão registradas. Já somos vitoriosos.”


Diálogo com o Governo Federal


A audiência pública marcou a oficialização da voz dos povos dentro do contexto da COP. A mesa de encerramento contou com a presença de importantes autoridades do governo federal, indicando o reconhecimento da agenda popular: Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas; Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Guilherme Boulos, Ministro da Secretaria-Geral da Presidência.Eles estiveram acompanhados por André Corrêa do Lago, presidente da COP30, Ana Toni, CEO da COP30, e Leutália, representante do Ministério das Mulheres, além de representantes históricos dos movimentos sociais como Joseph Antoine (Amigos da Terra Internacional), Denise Chaves (Iniciativa Mulheres Andino-Amazônidas), Sérgio da Silva Santos (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB), Melanie Lazon Eketiúdo Combo (La Via Campesina), Vera Paoloni (Central Única dos Trabalhadores – CUT) e Antônio Crioulo (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ).

O encerramento reafirmou o compromisso de levar para a COP30 as demandas construídas coletivamente, reafirmando que a resposta para a crise climática nasce dos territórios, das organizações populares e dos povos que protegem a vida.


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